sexta-feira, 26 de março de 2010

RORAIMA

Roraima é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Norte do país, sendo seu estado mais setentrional, além de ser o estado menos populoso do Brasil, tem como limites a Venezuela (N e NO), Guiana (L), Pará (SE) e Amazonas (S e O). Ocupa uma área aproximada de 224,3 mil km², pouco menor que a Romênia. Em Boa Vista, única capital brasileira totalmente no hemisfério Norte, encontra-se a sede do governo estadual, atualmente presidido por José de Anchieta Júnior.

Situado numa região periférica da Amazônia Legal, predomina em Roraima a floresta amazônica, havendo ainda uma enorme faixa de savana no Centro-Leste. Encravado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica; estado chuvoso, é entrecortado por inúmeros rios por onde chegaram os colonizadores portugueses no século XVIII. Roraima constitui um diversificado mosaico de culturas, fauna e flora.

Seu ponto culminante, Monte Roraima, empresta-lhe o nome. Etimologicamente resultado de contração de roro (verde) e imã (serra ou monte), foi batizado por indígenas pemons da Venezuela.

História

As primeiras expedições portuguesas na região remontam ao início da década de 1660, em busca de drogas do sertão, metais e pedras preciosas, e de indígenas para o apresamento. Entre estas, destaca-se a do Capitão Francisco Ferreira, que penetrou o vale do rio Branco (1718). A partir de 1725, missionários Carmelitas iniciaram a tarefa de conversão do indígena na região.

A criação da Capitania Real de São José do Rio Negro, pela Carta-régia de 3 de março de 1755, foi fruto da preocupação da Coroa portuguesa com as fronteiras do rio Negro e do rio Branco, a primeira ameaçada pelos espanhóis do Vice-reino do Peru, e a segunda pelas expedições de neerlandeses do Suriname, com fins de comércio e de apresamento de indígenas.

A medida foi ainda grandemente influenciada pelas demarcações previstas pelo Tratado de Madrid (1750): com a criação de uma nova unidade administrativa na região, pretendia-se implementar, na prática, a colonização do alto rio Negro, criando-se a infra-estrutura necessária ao encontro e aos trabalhos das comissões de demarcação portuguesa e espanhola, encontro esse que jamais ocorreu, tendo forças portuguesas ocupado nesse ínterim, provisoriamente, o curso do baixo rio Branco, efetuando plantações de mandioca e de outros víveres, para o aprovisionamento da Comissão.

Com o estabelecimento do Forte de São Joaquim do rio Branco a partir de 1775, diversos aldeamentos de indígenas convertidos foram estabelecidos para o seu serviço, entre os quais a povoação de Nossa Senhora do Carmo, fundada por religiosos Carmelitas. Durante o Brasil Império (1822-1889), esta foi elevada a vila e sede de freguesia com o nome de Boa Vista (1858). Com a proclamação da República (1889), a freguesia foi transformada no município de Boa Vista do Rio Branco (1890), integrante do Estado do Amazonas.

A pretensão britânica a alguns rios formadores do rio Branco (afluente do rio Amazonas), conduziu à chamada Questão do Pirara (1904). Submetida à arbitragem do rei Vítor Emanuel III da Itália, a região em litígio foi repartida entre ambas as partes, garantindo à Guiana inglesa uma saída fluvial para o Amazonas, e perdendo o Brasil a região oriental do Pirara.

A região foi desmembrada do Estado do Amazonas pelo Decreto-lei nr. 5.812, de 13 de setembro de 1943, que criou o território federal do Rio Branco, mais tarde denominado como território federal de Roraima (1962), e elevada a Estado pela Constituição brasileira de 1988.

Se a colonização da região foi incentivada em fins do século XIX com o estabelecimento de Fazendas Nacionais, um século mais tarde os garimpos de ouro e diamantes atraíram levas migratórias de diversas regiões do país. Esta imigração e exploração desordenadas ocasionaram muitos conflitos e mortes por doenças e assassinatos, sobretudo nas populações indígenas. Apoiados por políticos locais, os garimpeiros foram substituídos pela exploração agrícola em grande escala (agronegócio) em terras indígenas, gerando novos conflitos ao final do século XX e XXI.

Atualmente, quase todas as reservas indígenas do estado encontram-se homologadas.

Economia


A economia do estado se baseia no setor de serviços, na agricultura (arroz, feijão, milho e mandioca), na pecuária (bovino, suíno e ovino) e no extrativismo (madeira, ouro, diamantes, cassiterita).

Mais jovem, mais isolado e menos povoado estado do Brasil, Roraima ainda detém o menor Produto Interno Bruto, apesar das altas taxas de crescimento. Para determinados grupos políticos e empresariais, uma das justificas mais contundentes são as grandes reservas indígenas, áreas de proteção ambiental e assemelhados, que somadas compreendem 99,01% do território.

Transportes

Mais distante estado do Brasil, se considerada a Capital Federal, Roraima tem ainda a maior floresta tropical e os maiores rios do mundo como obstáculos para sua plena integração com o restante do país. Posto isso, é a mais isolada unidade federativa da nação.

Rodovias

BR-174 na reserva indígena Waimiri-Atroari.

Roraima faz comunicação rodoviária apenas com Manaus. A BR-210 (Perimetral norte) seria uma alternativa, que ligaria o estado também ao Pará, Amapá e à cidade amazonense de São Gabriel da Cachoeira, contudo o projeto fora realizado apenas parcialmente, sendo depois abortado.

Seu sistema de estradas é predominantemente federal. São poucas as estradas estaduais e municipais asfaltadas e com boas condições de uso.

Entre as federais destaca-se a BR-174, que, saindo de Manaus passa por (sentido sul—norte:) Presidente Figueiredo (Amazonas), Vila Jundiá, Vila Equador, Rorainópolis, Vila Novo Paraíso (km 500, ponto de intersecção com a BR-210), Caracaraí (já na margem direita do rio Branco), Iracema, Mucajaí, Boa Vista e Pacaraima, dando acesso à estrada venezuelana que leva a Santa Elena de Uairen (a doze quilômetros da fronteira) e às principais cidades daquele país. Em todo o seu percurso esta estrada encontra-se asfaltada e sinalizada, embora veja alguns de seus trechos decadentes ocasionalmente.

Outras importantes rodovias federais são:

  • BR-210: pelo plano original, datado da segunda metade do século XX, sairia de Macapá, passando pelo Pará, por Roraima, até chegar a São Gabriel da Cachoeira, no alto rio Negro. Apenas uma parte do trecho de Roraima e do Amapá foi asfaltado (ou ao menos aberto). No estado a 210 vai no sentido leste—oeste: vila Entre Rios (próximo à Hidrelétrica de Jatapu), Caroebe, São João da Baliza, São Luiz, Vila Novo Paraíso (a partir daqui ela segue sobreposta à 174 até Caracaraí), Caracaraí—todo este trecho asfaltado — e continua como estrada de chão até Missão Catrimani.
  • BR-401: faz a comunicação do estado com a Guiana. Nascendo em Boa Vista, cruza o rio Branco pela ponte dos Macuxis. Sete quilômetros depois, liga-se a BR-432, que vai ao Cantá e desce até a vila Novo Paraíso, ligando-na às BRs 174 e 210. A mesma, contudo, ainda não encontra-se totalmente asfaltada. Após passar pela 432, segue até Bonfim, cidade fronteiriça. A Ponte sobre o Rio Tacutu (divisor entre Brasil e Guiana) foi concluída em 2009, ligando-a a Lethem. De Bonfim ainda percorre 45 km a Nordeste até a sede de Normandia, num trecho parcialmente asfaltado.

Por fim há a BR-431 que comunica a BR-174 (a partir da vila do Jundiá) à vila de Santa Maria do Boaiçu, onde funciona um pequeno porto no rio Branco. Trata-se apenas de um projeto, sequer foi aberta a vereda para a estrada.

Ponte dos Macuxis, sobre o rio Branco, comunicando Boa Vista ao município do Cantá.

Entre as estradas estaduais (RRs), destacam-se:

  • RR-205: asfaltada e bem sinalizada nos 65 km que ligam Boa Vista à RR-343 através dela. Os quinze primeiros quilômetros desta (até a sede de Alto Alegre) são asfaltados e sinalizados.
  • RR-203: tem dois terços de sua extensão asfaltados, ligando a BR-174 à Vila Brasil (sede de Amajari). Segue adiante mais 52 km como estrada de terra até a vila do Tepequém.

Existem dezenas de outras estradas estaduais e municipais de terra com condições razoáveis de tráfego. Todas as sedes de Roraima têm acesso rodoviário asfaltado, excetuando-se Uiramutã.

Ferrovias

Não há rede ferroviária em Roraima.


Hidrovias

Roraima fica em desvantagem em relação aos demais estados amazônicos quanto ao sistema hidroviário. Por ser o único destes em que todos os seus rios notórios têm sua nascente no seu próprio território - o sistema hidrográfico estadual é 100% roraimense -, fica fadado a ter poucas saídas fluviais.

Na verdade Roraima dispõe de apenas uma grande saída fluvial: pelo rio Branco, chegando ao rio Negro, rumando daí à Manaus e São Gabriel da Cachoeira. Ainda assim, o mais importante rio roraimense ainda impõe dificuldades adicionais.

O rio Branco origina-se da confluência dos rios Uraricoera - o maior do estado - e Tacutu, trinta quilômetros a norte da capital Boa Vista. Nesta altura o rio chega a cerca de 1,5 quilômetro de largura, oferecendo condições de navegação durante a época das cheias. Centenas de quilômetros abaixo, na altura da vila de Vista Alegre, após receber as águas do rio Mucajaí, inicia-se o médio rio Branco na Cachoeira do Bem-Querer: corredeiras que descem dezoito metros ao longo de vinte e quatro quilômetros. Estas quedas d'água impedem o tráfego.

Após este obstáculo encontra-se a cidade de Caracaraí, construída propositadamente depois do mesmo para ser possibilitada a construção de um porto - por onde era escoado o gado das savanas roraimenses para Manaus. Tal porto permanece até hoje como o principal de Roraima.

Com parada na vila de Santa Maria do Boiaçu, onde funciona um porto menor, os barcos seguem pelo rio Negro a cidades amazonenses. Até o alto-baixo curso do rio, contudo, ainda percebe-se dificuldades de deslocamento durante a estiagem.

Enquanto em seu alto curso o Branco alcança pouco mais de um quilômetro de largura, o mesmo chega, em seu baixo curso, quinhentos quilômetros a sul, a até quatro quilômetros dependendo da estação do ano. Isso deve-se aos grandes e vários afluentes que o mesmo recebe neste meio-tempo, com destaque para os rios rio Mucajaí, Catrimani e Anauá. A forte presença de ilhas, contudo, é sempre constante.

Diferentemente de estados vizinhos, em Roraima o transporte fluvial não é comum para interligar cidades do próprio estado, excetuando-se poucos casos de vilas sem acesso rodoviário.

Turismo

Pôr do sol na bela vila do Tepequém.

Roraima tem um grande potencial turístico, em especial no ecoturismo. Arqueólogos de todo o mundo têm forte interesse na Pedra Pintada que é o mais importante sítio de tal ciência do estado, nela há inscrições de civilizações milenares que atraem a curiosidade de turistas e arqueólogos.

A parte melhor escalável do Monte Roraima fica na Venezuela. A parte de Roraima (que possui apenas 10% do monte) só pôde ser escalada em 1991 pelo trio de alpinistas brasileiros composto por Júlio César de Mello Santos, Felipe Garcia Amoedo, André Torres Amoedo. Para realizar proeza de tal magnitude foram necessários 5 dias de escalada.

O explorador botânico inglês Everd Thurm descreveu sua passagem pelo Monte Roraima (em 1884) com as seguintes frases: "[O monte] Roraima é caracterizado por um extraordinário número de plantas, quase todas com desusada beleza, de estranha forma e talvez com ambas peculiaridades. Como a flora, também a fauna, embora igualmente peculiar, parece ser, no entanto, sem contestação, menos abundante. Roraima ergue-se, numa verdadeira terra maravilhosa cheia de coisas raras, belas e estranhas."

Geografia

Roraima possui 1.922 quilômetros de fronteiras, a maior parte ocupada por terras indígenas. O relevo é bastante variado; junto às fronteiras da Venezuela e da Guiana ficam as serras de Parima e de Pacaraima, onde se encontra o monte Roraima, com 2.875 metros de altitude.

Como estado mais ao norte do Brasil, seus pontos no extremo norte são o rio Uailã e o Monte Caburaí.

Relevo

O relevo predominante é plano e com leves ondulações. Seu quadro morfológico é composto pelo:

  • Planalto ondulado
  • Escarpamentos setentrionais

Esses relevos são parte do planalto das Guianas, que segue pelo norte da planície amazônica.

O seu planalto ondulado é num grande pediplano, composto por maciços e picos isolados e dispersos.

Os escarpamentos setentrionais formam a borda de um planalto mais alto, estendendo-se especialmente sobre a Guiana e a Venezuela. Alguns exemplos são as serras Parima e Pacaraima e monte Roraima.

Altitude

Aproximadamente 60% de sua superfície encontra-se abaixo de 200m; outros 25% da área total entre 200m e 300m; ainda há 14%, que estão entre 300 e 900m; e o restante (1%) está acima de 900m.

Hidrografia


O Rio Branco é o maior e mais importante rio da região.

A hidrografia do estado de Roraima faz parte da bacia do rio Amazonas e baseia-se basicamente na sub-bacia do rio Branco (45.530 km²). Este rio é um dos rios afluentes do rio Negro.

Principais afluentes do rio Branco:

Além destes rios, destaque para:

Clima

Seu clima é equatorial nas regiões Norte, Sul e Oeste, e tropical no Leste.

A parte oriental do estado é marcada por climas quente e úmido com uma estação seca não muito pronunciada (Am, de Köppen). Sua temperatura média anual é de aproximadamente 27°C e 2.000mm de pluviosidade anual.

Já a parte ocidental, é marcada por um clima quente subúmido com uma estação seca bem marcada (Aw), suas temperaturas são elevadas e sua pluviosidade é mais baixa que no oriente, com 1.500mm/ano.

Vegetação

A vegetação predominante no estado é a de floresta tropical (revestindo aproximadamente 72% da área total), recobrindo especialmente as porções meridionais e ocidentais.

Campos e cerrados, conhecidos regionalmente como "lavrados", correspondem aos 28% restantes, revestindo as áreas setentrionais e orientais do estado.

Unidades de conservação

Em Roraima o IBAMA administra 8 unidades de conservação: 3 parques nacionais, 3 estações ecológicas e 2 florestas nacionais, totalizando 15.539,93 km², ou 6,9975% dos 224.298,980 km² (IBGE) da área territorial do Estado.

Etnias indígenas

Quando foi descoberta pelos portugueses (em meados do século XVIII), Roraima era habitada especialmente por indígenas.

Os indígenas apresentavam-se em sua maior parte pertencentes ao troncos dos Caribes, essa é a base da maioria dos povos indígenas do estado (Macuxi, Taurepang, Ingarikó, Patamanona, Wai-wai e Waimiri-atroari). Pertencentes ao tronco linguístico Arawak existem os Wapixama. Os Ianomâmi, ou Yanomami, pertencem à família linguística Yanomami, não classificada em tronco linguístico.

Roraima também reconhece a identidade mestiça.O Dia do Mestiço é data oficial no estado.[6]

Esporte

Clubes profissionais de futebol:

Clubes amadores de futebol[7]:

  • Norte Sport
  • Caranã
  • Tancredo Neves
  • Cambará
  • Racing
  • Guarani
  • América
  • Grêmio
  • Barcelona
  • Jockey
  • ABC
  • União
  • Tiradentes
  • Anauá
  • Brasil
  • Boa Vista
  • Atlético Iracema
  • União (Iracema)


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